[Erico Verissimo]
I - Autor
Erico Verissimo nasceu em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, em 1905. Fez o curso secundário em Porto Alegre. Impossibilitado de continuar seus estudos por falta de recursos, regressou à cidade natal, começando a vida com muita dificuldade. Em 1931, ocupou o cargo de secretário da "Revista do Globo", da qual se tornou diretor. Lecionou literatura na Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, de 1941 a 1945. Depois do doutoramento em Literatura, no Mills College, escreveu Brazilian Literature. Em seguida, realizou viagens à Europa, recebendo da Academia Brasileira de Letras, em 54, o "Prêmio Machado de Assis". Faleceu em 1975. Erico Verissimo inicia a carreira literária lançando, em 1932, uma coletânea de contos intitulada Fantoches. No ano seguinte, começa a publicar romances, que se dividem em três fases: a primeira, centrada em assuntos urbanos, versa sobre a aristocracia local em decadência e os conflitos morais que a imigração europeia traz à região e é nesta fase que se encontra a obra Olhai os lírios do campo ; a segunda, desenvolvendo temas históricos, contém um estudo sobre os principais elementos que formam a tradição do povo gaúcho, e a terceira é de tendência política [censura e ditadura militar, anos 60 e 70].
II - Personagens Principais
- Eugênio Fontes: homem profundamente pessimista, infeliz e complexado. Profissão: médico.
- Olívia: grande amor de Eugênio e colega de trabalho.
- Eunice: esposa de Eugênio. Rica, fútil e vazia.
- Dr. Seixas: amigo de Eugênio e médico de pobres.
III - Resumo
O romance narra a contínua morfose de sentimentos e emoções sentidos e vividos por Eugênio. Eugênio é uma pessoa profundamente infeliz, marcada por uma infância pobre e por experiências humilhantes. Assombrado pelo fantasma da pobreza, cria para si um fantasmagórico complexo de inferioridade que o assombra por grande parte da vida. Eugênio forma-se em Medicina com grandes dificuldades financeiras e espirituais, sentindo-se incapacitado para exercer sua profissão.
No dia de sua formatura reconhece na colega de curso, Olívia, a mulher, amiga e amante que vem a ser. Olívia era dotada de grande sensibilidade, serenidade e senso de espírito e era para Eugênio uma espécie de sedativo, pois lhe abrandava o sofrimento. Mesmo assim, Eugênio, que odiava a pobreza, casa-se com Eunice para ganhar "status" e abandona a profissão de médico. Levando a cômoda vida de rico, sente-se deslocado e inútil, tornando-se amante de uma amiga de Eunice, como que para provar sua utilidade. Neste meio tempo, Olívia parte para o interior, onde dá a luz a uma menina, filha de Eugênio. Passados três anos, Olívia e Eugênio reencontram-se e passam a viver novamente juntos.
Quando Eugênio resolve separar-se de Eunice, Olívia morre de uma hemorragia, deixando aos amigos que ficaram uma grande lição de vida. Eugênio separa-se de Eunice e passa a viver com a filha na casa dos Falk, velhos amigos de Olívia, e recomeça a exercer sua profissão com a ajuda de seu velho amigo, o doutor Seixas. Tomado de grande ânimo, Eugênio dedica-se, com alma e coragem até então desconhecidas, à medicina.
A crescente felicidade lhe deixa a mente aberta para novos ideais, não simplesmente para ganhar a vida, mas para ter a certeza de existir, pois Olívia sempre dizia: "Considerai os lírios do campo. Eles não fiam nem tecem e no entanto nem Salomão em toda sua glória se cobriu como um deles".