I- Autor
Cesário Verde, nasceu em Lisboa, em 1855, e faleceu em 1886. Sua existência transcorreu sem episódios que ultrapassassem os limites de uma vida corriqueira: estudos primários e preparatórios - estes, feitos ao mesmo tempo em que trabalhava na loja do pai -, seguidos da matrícula no Curso Superior de Letras em 1873. Poe essa época inicia, em jornais e revistas, a publicação de seus versos, somente reunidos em livro postumamente. Tuberculoso, vai para o campo, para a quinta de sua família. Visita Paris um ano antes de morrer, realizando parcialmente a ambição de viajar, que nele era, antes, desejo de fuga, traduzindo-lhe a inquietação interior e o tédio à vida. Esses sentimentos, sim, tornaram-na rica, e soube exprimi-los em sua poesia, valorizando o prosaico e o cotidiano.
II- Obra
Sem ser um romântico, há tonalidades do Romantismo em seus versos. Nunca pelo estilo e preceitos da Escola, já então superada, mas por um sentimentalismo que neles se esconde. Este, entretanto, é uma constante da alma e de quase toda a poesia portuguesa. Numa de suas composições mais louvadas - O Sentimento dum Ocidental - está o retrato de Cesário Verde, e é como que uma súmula da substância poética de sua obra, somente transfigurada transitoriamente no bucolismo da última fase, o que lhe arrefeceu o tédio, amenizou-lhe o estro, sem, todavia, anular as qualidades que fizeram dele um renovador da poesia portuguesa do século XIX. Na verdade, situa-se no Realismo e antecipa mesmo de muitos anos e em muitos aspectos Sá-Carneiro e Fernando Pessoa, pela temática da inspiração e dos processos poéticos. É, por isso, o precursor do Modernismo em Portugal.