Obra-chave dentro da produção de Drummond, A rosa do povo, publicada em 1945, reflete a maturidade que o poeta alcançou desde sua estreia. Nela, conforme já se afirmou, além de acentuado progresso técnico-formal, estão presentes duas conquistas decisivas para a evolução de nossa literatura: o realismo social, particularmente penetrante e que não se restringe, apenas ao lirismo da poesia engajada; a poesia poética, alimentada pela reflexão introspectiva sobre o sentido da escrita como obra de arte.
Este é o mais extenso e o mais variado dos livros de Drummond [ 55 poemas, alguns longos]. Nele desfilam os principais temas de sua obra; o verso livre e a estrofação irregular alternam com versos de métrica tradicional dispostos em estrofes regulares; o estilo ora é 'puro'[elevado, 'poético' ], ora é 'mesclado'[mistura de elevado e vulgar, sério e grotesco]. Livro difícil, é dos mais discutidos e apreciados da poesia moderna brasileira.
Obra de linguagem poética com participação social.
Os poemas de A rosa do povo foram escritos nos anos sombrios da ditadura de Vargas e da Segunda Guerra Mundial. Os acontecimentos provocam o poeta, que se aproxima da ideologia revolucionária anticapitalista de inspiração socialista, e manifesta sua revolta e sua esperança em poemas indignados e intenso.
Temas: eu-estar no mundo [ o amor, a família, o tempo, a velhice], a poesia [poesia pela própria poesia], eu igual ao mundo,...
Portanto, em A rosa do povo, o poeta testemunha sua reação ante a dor coletiva e a miséria do mundo moderno, com seu mecanismo, seu materialismo, sua falta de humanidade. Essa fase enriqueceu sua essencialidade lírica e emocional, e, através da profunda consciência artística, o poeta atingiu a plenitude, a cristalização, a humanização, sob a forma suave e terna, em que o itabirano mergulha no lençol profundo de sua província e de seus antepassados, para melhor compreender a 'máquina do mundo', a angústia de seu tempo, o desarvoramento do homem contemporâneo, com um largo sentimento de fraternidade.